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Pode ler que é legal!

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MAMÃE NÃO ME DEIXOU CANTAR RAP… 

… RESOLVI ESCREVER

de Gilberto Yoshinaga

“Se as reflexões deixadas neste calhamaço ajudarem a libertar ao menos uma mente aprisionada, todas as noites mal dormidas necessárias para eu ordenar esses mais de 323 mil caracteres já terão valido a pena. Porque algumas almas se apequenam, mas nenhuma delas nasce pequena”.  

Recentemente levei o meu filho de oito anos na exposição Os Gêmeos, na Pinacoteca. O encantamento dele foi imediato ao encontrar a poesia e o ritmo da cultura hip-hop. Gil está certo ao afirmar “nenhuma alma nasce pequena”, por isso, já nas primeiras páginas, foi fácil entender Gil criança, falando da sensação de conhecer e se apaixonar pelo Rap. 

A chance de ter um menino de doze anos, descendente de japoneses, gravando um Rap na década de 80, foi uma oportunidade tentadora para um produtor musical. Bastava Gil convencer a mãe a deixá-lo viajar durante horas até um estúdio em outra cidade para gravar um Rap com desconhecidos. A decisão da mãe dá o nome a essa autobiografia. Eu entendo a sua mãe, Gil!

Longe dos modismos da sua geração, o menino não desistiu e buscou autenticidade, seguiu vivendo e escrevendo o seu ritmo.  Na faculdade de Jornalismo apresentou o projeto O Som das Ruas e conseguiu levar o Rap brasileiro pra rádio da Universidade do Estado de São Paulo (Unesp).

“Teve programa especial só com raps sobre o universo carcerário, sobre a diáspora africana, sobre política, vivência policial, espiritualidade (…) raps só feitos por mulheres, raps filosóficos…”

Em vários momentos dá vontade de parar a leitura e procurar na internet os rostos e as músicas que dão vida a narrativa. Indico para quem vai ler, se oferecer essa pausa, conhecer os personagens e os Raps. Principalmente se você, como eu, não for do mundo do hip-hop, essa é uma boa oportunidade para abrir essa porta cultural.

Valores como irmandade, humildade e empatia são recorrentes na dinâmica dos irmãos do Rap, mas também tem treta no livro! 

E o limiar entre a música e a literatura é bem explorado pelo talento do autobiografado, além de vivenciar e se especializar na cultura do Rap, ele é jornalista, escritor, locutor, cozinheiro, agitador de Saraus e outras aptidões que é possível descobrir durante a leitura.

Deu vontade de escutar O Som das Ruas num sábado à tarde, de tirar uma foto no Galaxy, o primeiro carro low rider do Brasil, de ler Miguel e a Aurora Boreal e de conhecer a história de vida do mestre Nelson Triunfo.

A autobiografia sustenta uma narrativa leve e apaixonada, em vários momentos lembra uma conversa com um amigo inteligente, generoso e divertido. 

“Mais importante do que encaixar rimas é ter o que dizer, é ter um bom conteúdo pra fazer Rap. Por isso, absorva conhecimentos, leia sobre todo tipo de assunto, estude temas que lhe interessem, assista a filmes, documentários, peças de teatro, busque segundas e terceiras visões sobre cada tema, procure despertar seu senso crítico… Enfim, nunca pare de aprender, de ampliar sua bagagem cultural e de questionar tudo o que vê e ouve. Esses conhecimentos, e não só a capacidade de formular rimas, serão a melhor munição que você vai poder ter pra se destacar nas batalhas”.

O posfácio escrito por Emerson Alcade “Colhendo frutas da árvore pela via marginal” também merece uma atenção especial.

Yoshinaga, Gilberto. Mamãe não me deixou cantar rap… resolvi escrever 

132 páginas

Lançamento no Kindle Unlimited 12 de julho de 2021

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